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Rosangela Silvestre (BA) - Danças do Mundo no Espaço Cultural Tangará Mirim

De acordo com ela, a Técnica Silvestre não foi uma criação sua, mas um presente do universo para seu trabalho com dança.

18/02/2017


Em janeiro, a bailarina, coreógrafa e professora de dança Rosangela Silvestre participou do XI Encontro de Músicas e Danças do Mundo no Espaço Cultural Tangará Mirim, em Imbassaí, na Bahia. Esta é a terceira vez que Rosangela leva ao evento trazendo fragmentos da Técnica Silvestre, técnica de dança desenvolvida por ela. Na ocasião, foram realizadas atividades de percepção corporal e das potências universais que as vivências cotidianas podem proporcionar ao corpo dançante.


Rosangela viaja desde 1981 para ensinar e palestrar sobre a técnica que ela criou. De acordo com ela, a Técnica Silvestre não foi uma criação sua, mas um presente do universo para seu trabalho com dança. Nascida em uma família de tradição Iorubá, descobriu no exercício da profissão, que suas vivências não poderiam se distanciar de seu trabalho e com o tempo sua investigação em dança se aproximou dos Orixás, uma das descobertas que marcam sua compreensão como profissional de dança e impressionam quem tem a chance de assisti-la em cena.


Cena é uma palavra que Rosangela não gosta, assim como performance. Para ela a dança é mais do que uma atividade de palco. É a verdade e a mensagem da vida. Uma mensagem que deve ser entendida com todas as sutilezas que carrega. Em entrevista, questionei Rosangela sobre a união da espiritualidade e da dança em seu trabalho. Em resposta, ela disse:


“Quando vamos a um terreiro e vemos pessoas incorporadas a dançar, estamos tão acostumados a olhar sem sentir que dizemos que ela está dançando, mas na verdade ela está rezando.”


A resposta de Rosangela apresenta um elemento importante das manifestações de cultura popular: a impossibilidade em desassociar o que é sagrado ao que os outros pensam ser cênico. O Encontro de Culturas do Mundo foi um espaço aberto para experienciar a força dos cantos e danças dos povos do Brasil e do mundo não só de forma estática e distanciada, mas de dentro pra fora, de forma a compreender a importância dessas manifestações como rezas e caminhos para se aproximar do céu.


Rosângela dança, mas para quem assistiu e participou de sua oficina, ficou mais do que claro que a dança de Rosangela é uma reza poderosa ao universo pela paz e respeito à diversidade.



Foto: Simone Giovine

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