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Espaço Cultural Tangará Mirim e NEOJIBA: encontro de artes e saberes

O lema dessa iniciativa é “aprende quem ensina” e o objetivo é o exercitar a formação dos alunos e difundir a pluralização da prática de música coletiva.

14/02/2017


Vinte e oito integrantes do coro juvenil e orquestra do NEOJIBA [Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia] participaram do XI Encontro de Culturas de Músicas e Danças do Mundo, realizado entre os dias 25 e 29 de janeiro no Espaço Cultural Tangará Mirim. O grupo se apresentou na noite de abertura com um repertório de canções populares, entre elas Suite dos Pescadores, Mas que Nada e Trem das Onze. Ao longo dos quatro dias eles acompanharam a programação participando das oficinas de práticas corporais, meditativas e musicalização, e dos shows noturnos com expressões culturais de comunidades tradicionais brasileiras e internacionais.

“Logo nas primeiras atividades eu consegui aprender muitas coisas, inclusive não consegui armazenar tudo na cabeça. Mas eu acredito que mesmo pras pessoas que vem aqui só como entretenimento, acho que elas levam consigo muito aprendizado. Eu particularmente fiquei muito encantada com as meninas africanas porque eu pretendo fazer pesquisa em relação a cultura e ancestralidade pela música. Eu sou de Salvador e lá isso é muito forte, é a cidade mais africana do Brasil, mas ao mesmo tempo a cultura de trazer coisas da Africa não é tão forte, em relação a música. Eu como vou ser professora quero levar isso pro colégios porque a gente traz muita coisa européia, se escuta muita coisa de fora. A intenção é fortalecer. Eu já tô pensando em muitas coisas para pesquisar e aqui me abriu esse leque. E perceber que todo mundo tem carne, coração, sangue, mas ao mesmo tempo somos diferentes cada um no seu cantinho. Eu acho que o evento mostrou isso, que somos diferentes e iguais e temos que amar isso, gostar e linkar porque tudo está conectado." Alana, 22 anos, integrante do NEOJIBA há 6 anos.

O NEOJIBA é um projeto governamental de integração social por meio da prática coletiva de excelência da música inspirado no consagrado “El Sistema”, programa didático venezuelano criado em 1975 para o incentivo da educação musical como desenvolvimento sociocultural. A ação beneficia mais de 4.600 crianças, adolescentes e jovens baianos.

"Conheci o projeto em 2011, quando o primeiro núcleo de canto coral era integrado como oficina opcional no colégio. Naquela época eu me preparava para cursar medicina e não tinha ideia do quanto o projeto transformaria a minha trajetória. Desde então, participei de festivais de musica e master class internacionais com importantes instrumentistas e cantores de vários países, graças as parcerias feitas pelo programa, tendo como foco a multiplicação dos conhecimentos musicais e sociais adquiridos pela prática coletiva musical; o multiplicador prepara os jovens atingidos para multiplicar, criando uma rede de aprendizagem sem fim, que tem se espalhado por várias outras cidades da Bahia." conta Moises Honto, 22 anos.


Além de violinista e cantor, Moisés é multiplicador do programa NEOJIBÁ. Ou seja, ele trabalha canto coral e vivência musical com crianças em situação de vulnerabilidade social em comunidades carentes de Salvador por meio das ações de extensão Rede de Projetos Orquestrais da Bahia e o Projeto NEOJIBA nos Bairros.


"Para mim, proporcionar às crianças e jovens expostos a situações de violência e várias outras problemáticas que dificultam o seu desenvolvimento como cidadão, a oportunidade de estarem inseridos em um ambiente lúdico, musical, aprendendo a lidar com as suas diferenças e as do outro é incrível e me impulsiona a aprender cada vez mais.”


O lema dessa iniciativa é “aprende quem ensina” e o objetivo é o exercitar a formação dos alunos e difundir a pluralização da prática de música coletiva.


“Um de nossos valores é a excelência. Mas a procura dessa excelência você não só pensa no resultado musical mas em tudo que o jovem teve que vivenciar para alcançar essa excelência: trabalhar a autoestima, o trabalho em equipe, o autoconhecimento. Ele conhecer seus potenciais e conseguir chegar lá. Então mais que um desenvolvimento social é um desenvolvimento da pessoa. Já na comunidades a gente definitivamente encontrou muita mudança porque temos comunidades com contextos muito difíceis. Então o que a gente leva é uma nova realidade, uma visão de que eles podem ter outras oportunidades na vida e não só o que aparece na sua comunidade. Tem sido algo muito aceito pelas comunidades e uma base importante para o NEOJIBA ter crescido tanto. A comunidade gosta, a comunidade apoia por isso mesmo, porque se faz uma transformação. Meninos que ingressaram jovens agora são jovens com visão do mundo, do que querem fazer não só na música. A gente tem na orquestra jovens que tocam, mas que estão estudando arquitetura, filosofia, letras. Mas o importante é que sejam pessoas preparadas para viver em sociedade.” Yuli Gaitan, coordenadora de corais do NEOJIBA.

Desde 2016 o NEOJIBA e o Espaço Cultural Tangará Mirim firmam uma parceria para o curso de musicalização, canto coral e prática orquestral realizado na comunidade de Barro Branco, destinado a jovens entre 9 e 18 anos.

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